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menção honrosa no concurso nacional complexo

fábrica mascarenhas

 

projeto realizado em parceria com Laila Bentes, Luan Carvalho, Bruno Meneghitti, Pedro Perez, Rafael Ribeiro, Mila Andreola, Nathane Durso e Stela Barbosa 

“Nós que ali passávamos quando crianças e que a pensávamos eterna, estávamos, de repente, sendo convocados para a sua reconstrução, ou melhor, reinvenção. Um grande mutirão puxado por batalhadores locais logrou derrotar todos os empecilhos, e hoje lá está a Mascarenhas. Seus teares são outros. Seus operários são outros. Seus produtos são outros. A arte e a cultura são tão essenciais, e, por sinal, mais duráveis que o que antes ali se produzia. Eu, como se tivesse ainda um invisível fuzil, um imponderável capacete, do lado de cá a vigio amorosamente. Mascarenhas, uma usina de esperanças”. Affonso Romano de Sant’Anna

Quando o apitar das fábricas começava a ser reconhecido como patrimônio no Brasil, no ano de 1983, uma grande quantidade de intelectuais, jornalistas, fotógrafos, historiadores, artistas plásticos, músicos, estudantes e a comunidade em geral de Juiz de Fora uniram-se em um movimento para impedir que, com o fechamento da grande e velha fábrica, a mesma caísse em desuso, ou pior, fosse demolida como já se observava ser o destino de alguns edifícios importantes da cidade. Tal movimento, impulsionado pelo amor e identidade dos cidadãos por um dos complexos arquitetônicos mais icônicos do centro gerou a criação do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas em uma iniciativa tão pioneira quanto foi a própria criação da Fábrica, em 1888.

Afinal, quantos foram os esforços do industrial Bernardo Mascarenhas para construir aqui a sua mais moderna indústria têxtil, que não só gerou emprego e renda, como fez a cidade se iluminar através da energia elétrica, através da construção da primeira hidrelétrica da América Latina e da criação da Companhia Mineira de Eletricidade, criou a companhia telefônica e a de bondes elétricos e reiterou o já conhecido título de Manchester Mineira à Juiz de Fora, a cidade de tijolinhos vermelhos de Rachel de Queiroz.

 

Portanto, a proteção e o uso cultural dados a estes edifícios pela Prefeitura de Juiz de Fora a partir de um legítimo apelo popular, podem ser entendidos como mais um dos pioneirismos da cidade (a proteção municipal do patrimônio no Brasil ainda engatinhava) e uma homenagem não só aos Mascarenhas e sua contribuição para a nossa formação, mas também uma homenagem a todos que ali trabalharam, a tantas famílias que usufruíram do espaço, como é comum nas fábricas, tornando-a um espaço público, com uma grande importância social e cultural.

É de fundamental importância a abordagem do espaço público como ingrediente chave para a formação de uma civilização, pois é apenas a partir de um espaço comum de convívio que a ideia democrática se instaura e permanece. A noção coletiva de respeito , da convivência em harmonia, da sensação de pertencimento, advém do espaço comum de convívio, de onde surge a chamada “civilidade”.

 

Observa se cada vez mais o descaso com o espaço público e com o direito à cidade, se esquecendo justamente de que é o público, democrático e universal, do que nos une como sociedade e mantém a democracia ativa.

 

O Complexo da Fábrica Mascarenhas e seu entorno é sem questionamento um dos locais históricos mais importantes de Juiz de Fora, também um exemplar dos tempos de progresso fervoroso de outrora e do estabelecimento da antiga Manchester Mineira como um polo econômico e comercial da sua macro região, detendo ainda hoje um potencial enorme (que está explícito mas que é muito pouco explorado) de mais uma vez contribuir de maneira imensurável para o desenvolvimento da cidade . Por isso, não é necessário inventar a roda para o transformar em um grande catalisador da região central da cidade e que ofereça a sociedade um novo marco de vivência, encontros e experiências. Além disso seu potencial vai muito além da sua importância histórica sendo capaz de estimular uma das principais vocações econômicas da cidade que está ligada ao entretenimento e às manifestações artísticas e culturais, dando solução ainda a problemas e conflitos atuais quanto a ocupação dos espaços públicos através dos mais diversos eventos que afloram com criatividade e efervescência por toda parte mas são suprimidos por interesses diversos.

 

Dito isso, o Complexo Fábrica Mascarenhas é hoje o que propomos, um grande espaço cultural da cidade, mas que não consegue, por motivos vários, exercer com êxito aquilo que é e que foi conquistado através de muita luta e persistência. Em uma cidade que é um celeiro transbordando de talentos impressionantes em todos os seguimentos da arte e, que não possuem de fato o reconhecimento e espaço para expressarem o que produzem. 

Local:

Juiz de Fora - MG

Ano:

2020

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